O ditado “com o tempo tudo passa” engana muito
- manuellahoz
- 4 de nov. de 2023
- 2 min de leitura

Aos 19 anos de idade, num dia difícil de sua vida difícil, ela saiu da casa de sua mãe que era desquitada e com quem morava, e foi morar sozinha em outra cidade. Logo apareceu um gentil e educado “cavalheiro”, e ela se apaixonou.
No sexto mês de namoro percebeu que estava grávida, e o gentil cavalheiro numa crise de “sinceridade” lhe confessou ser casado, pediu-lhe que nunca mais o procurasse, e desapareceu da cidade.
Por uma questão de princípios ela decidiu que teria aquele filho. Escreveu para o pai, para a mãe e para o irmão. Contou-lhes tudo, pediu ajuda, e disse que no final de semana se encontraria com eles na casa da mãe.
No sábado pela manhã chegou à casa da mãe, sozinha, apavorada, respirando e andando com dificuldades tamanha ansiedade. O primeiro que a viu foi o irmão, e quase chorando num misto de alegria e compaixão correu para ela, abraçou-a, beijou-a e disse: “legal, eu vou ser titio, você está linda; fica fria, vai dar tudo certo, estou com você”. O pai a recebeu sério e mudo, sentou-se e ficou esperando explicações. A mãe lhe deu a mão e começou a chorar compulsivamente, não conseguiu falar nada, nem olha-la nos olhos.
Abraçada ao irmão, que não a largou um segundo ela repetiu o que havia escrito na carta.
Ninguém fez perguntas, e o que aconteceu depois foi totalmente descartável. O pai continuou calado, como se fosse vítima, até o momento de voltar para a outra família com a qual vivia. E a mãe apenas chorou o tempo todo.
Seu filho nasceu lindo e saudável, e todos a ajudaram a “cria-lo”. Hoje ela continua sua vida que continua difícil, como é mais ou menos a vida de todos nós.
Tudo aconteceu no embalo, nas cores e sensações da primeira mensagem, do primeiro impacto, que foi a forma como seu irmão a recebeu. Aquela recepção “quebrou” o estado emocional de desespero e falência em que ela se encontrava, a colocou em um estado de excelência pessoal, com dignidade suficiente para assumir a sua responsabilidade pela gravidez, sem culpas, e acreditar “que tudo iria dar certo”. E mais, o comportamento do irmão “desarmou” o pai que com certeza iria criticá-la até o último fio de cabelo.
A “Primeira Impressão” é sempre a “primeira”, e poderá funcionar como um “balde de água fria”, “um coice de mula”, “uma mordida de porco”, ou, “como um banho morno”, “um abraço de amigo”, “um beijo de criança”.
A primeira impressão afeta todo o desempenho da pessoa no momento, e esse desempenho marcará toda a evolução dos fatos naquele contexto, muitas vezes lhe ensinando uma atitude totalmente inadequada para lidar não apenas com aquela situação, mas com situações parecidas, ou simplesmente estressantes, “marcando-a” por toda a vida.
O ditado “com o tempo tudo passa” engana muito, no tempo podemos até nos esquecer do que aconteceu, mas o aprendizado aprendido, tipo: “não acreditar mais em ninguém”, “não confiar”, ou uma crença: “eu não mereço”, “pra mim nada dá certo”, “eu sou um fracasso”, ficará para sempre, pois sempre, inconscientemente os estaremos reforçando com atitudes decorrentes dele mesmo.
Pense nisso, antes de se manifestar em relação aos outros, e a você mesmo.
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